Lisboa, 15 Mai (Lusa)
O filme "O último condenado à morte", de Francisco Manso, antestreia no sábado em Castelo de Vide, onde foi rodado, e será antecedido de um debate com os actores, o realizador e o ministro da Justiça, Alberto Costa.
O filme, que só estreia nos cinemas no dia 28, conta a história verídica de Francisco de Mattos Lobo, um dos últimos condenados à forca em Portugal, em 1842, por ter cometido um violento crime passional.
O debate em Castelo de Vide contará com a presença do ministro da Justiça, uma vez que o filme tem como pano de fundo a questão de Portugal ter sido um dos primeiros países a abolir a pena de morte, decretada em 1867, vinte anos depois da morte de Mattos Lobo.
"O último condenado à morte", com argumento de António Torrado a partir de uma história verídica, tem como protagonista o actor Ivo Canelas no papel de Francisco de Mattos Lobo, jovem seminarista que se apaixona por Adelaide (Maria João Bastos), francesa que tinha casado com o seu tio e que regressa a Portugal depois de ter ficado viúva.
Possuído pelo ciúme perante a beleza da tia que desperta paixões, Francisco de Mattos Lobo matou Adelaide, os dois filhos dela e uma criada, e foi condenado à forca a 16 de Abril de 1842.
Nicolau Breyner, Albano Jerónimo, João Lagarto, Ângelo Torres e João Cabral são outros actores que integram esta produção.
O filme teve co-produção do Brasil e da Suécia e contou com o apoio da RTP e do Instituto do Cinema e Audiovisual.
"O último condenado à morte" acompanha a vida de Francisco de Mattos Lobo, natural de Amieira do Tejo, desde os tempos no seminário, onde estudava para ser padre, até à morte por enforcamento, num contexto histórico de guerra civil entre absolutistas e liberais no início do século XIX.
Francisco Manso, 59 anos, explicou à agência Lusa que o que mais o fascinou nesta história real foi a natureza do crime cometido numa época da história de Portugal que é pouco abordada no cinema.
"O que pretendemos com o filme foi mostrar um caso de violência real que teve influência no futuro", referiu o realizador.
Partindo de um facto verídico, Francisco Manso romanceou uma história em torno de uma figura que teve um relacionamento doentio com um familiar e que cometeu "um crime terrível".
Sem querer tomar posição sobre a condenação de Francisco de Mattos Lobo, o realizador não quis deixar de sublinhar que o crime influenciou a opinião pública na época a discutir a questão da pena de morte.
Antes de "O último condenado à morte", Francisco Manso já tinha rodado um outro filme passado também no século XIX, "A ilha dos escravos", abordando a questão da escravatura.
Para o realizador, o cinema, além de entreter, serve ainda para descobrir o passado histórico e a identidade cultural de Portugal.
"Faz todo o sentido fazer coisas da história que nós temos", disse Francisco Manso.
"A mim interessa-me divulgar momentos, personagens ou biografias de pessoas que eu acho que são importantes, ou porque dignificaram a história portuguesa ou porque não a dignificaram, mas pelos actos que comemteram deram origem a que as coias mudassem ou se tentasse modificar coisas que iam no caminho errado. O cinema tem essa obrigação", sublinhou.
Francisco Manso estreará "O último condenado à morte" nos cinemas numa altura em que está a ultimar a longa-metragem "Assalto ao Santa Maria".
Este filme baseia-se no histórico assalto ao paquete Santa Maria, uma operação de denúncia dos regimes ditatoriais de Portugal e Espanha perpetrada em 1961 por 24 exilados políticos dos dois países, liderados pelos capitães Henrique Galvão e Jorge Sotomayor, com o apoio expresso do general Humberto Delgado.
SS.
expresso com Lusa/fim
imagens descaradamente roubadas do notícias de castelo de vide. (se houver espiga pelo uso, mandem-nos um email que a gente apaga, tá?)
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