E lá chegou novamente a altura do ano em que se faz a festa em homenagem à Senhora d'Alegria.
São sempre uns dias bem passados. A festa foi muito bonita e até houve fogo de artifício (há que tempos não via um espectáculo destes).
Pena é que não subam ao castelo mais jovens, ficando a passar a noite pelos bares do costume.
De qualquer forma, ainda bem que se esqueceram das tunas... o espírito de baile sem arrogâncias académicas e efe-erre-ás sabe-me sempre muito melhor. Sinceramente, não percebo porque é que as tunas foram chamadas em anos anteriores... é que em Castelo de Vide, nunca tendo existido universidade, não há esta tradição.
E para quem não a conhece, fica a lenda:
"Conta-se que uma certa noite já a obra do convento ia muito adiantada, todo o edifício a crescer a olhos vistos enfim, quando todos já anteviam a entrada das monjas, um incêndio irrompe, demolidor e infernal a devasta tudo o que já estava feito. O bom povo do castelo alertado pela luz intensíssima das chamas e pelo fragor das derrocadas acorre sem demora. Labaredas alteavam-se violentas ameaçando deitar fogo a todas as casas e o que é pior ao armazém de pólvora que bem perto estava. A casa dos Matos ali em frente já era focada pelas chamas, a água estava longe e difícil de carregar, era preciso ir buscá-la à fonte da vila, à fonte do Rossio ou ainda à fontinha da Senhora Sant'Ana. Tudo parecia irremediavelmente perdido.Então todas aquelas gentes, as do centro do castelo e as dos arrabaldes, desde o canto da aldeia até ao barrocal perante o perigo catastrófico em que se encontravam, voltam-se para a “Igreja da Senhora da Alegria” e uma explosão uníssona de fé imploram à Senhora da Alegria que lhes acuda. Como por encanto o incêndio pavoroso extingue-se e nem sequer o rechinar das madeiras incandescentes se ouve. Tudo pára, todo o fogo se apaga instantaneamente à ordem de uma voz que não se ouvia.
No outro dia, ainda a alva mal apontava a manhã e já toda agente se reunia em frente da Igreja da Senhora da Alegria para rezar e agradecer tão magnânima protecção.E todos quiseram beijar os pés de Nossa Senhora mal se atrevendo a olhar o seu rosto, senão quando alguém agarrando o manto de púrpura e ouro que cobre a imagem grita: "MILAGRE! MILAGRE!", uma das pontas desse manto estava queimado porque a Santa havia apagado o fogo, acudindo assim aos moradores do castelo, que ainda hoje veneram a Senhora da Alegria."

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